Odeio isso, odeio ser interrompido e ter de me esconder. Não, a Taís não é minha namorada ou qualquer coisa do tipo, ela é a namorada da Márcia. Eu costumo transar tanto com uma quanto com a outra, Márcia sabe disso, Taís não. Ela ainda pensa que está traindo a namorada e sua homossexualidade quando dá para mim. Não sei por que ela pensa assim, e também pouco me importo com isso.
O diabo disso tudo, é que eu tenho que ficar trancado no armário enquanto o casal fica se pegando. E pra alguém que teve a alegria cortada como eu tive agora, ter de ouvir gemidos de mulher, é uma tortura dura demais, literalmente.
- Amor, tem alguém aí? - De dentro do armário pude ouvir Taís perguntar.
- Não, querida, quem poderia ser? Você sabe que eu sou só sua...
Bom, o restante dispensa descrições maiores. Afinal, é uma história sobre mim, e não um conto erótico de lésbicas. Acabei por passar umas duas horas ouvindo os gemidos e sentindo um tesão desgraçado sem poder fazer nada, então ouvi o barulho da porta do banheiro ser aberta e depois bater e arrisquei uma espiada, as duas haviam entrado no banheiro. Como eu queria entrar lá agora, mas eu provavelmente perderia as duas por ter ouvido a cabeça errada, preferi não arriscar e saí da casa. Claro que antes eu bebi uma dose do uísque, como prêmio de consolação por ter suportado bravamente a tortura.
Sai da casa a passos rápidos e me sentindo estranho, talvez pelo tesão não saciado ou pelo uísque, o que também não me importava. O que importava era que eu estava na rua, sentindo uma dor terrível nas minhas bolas e sem ter para onde ir.
Acabei por decidir passar na casa do Michel, eram 23h, ele já deveria estar em casa. Michel era o mais bêbado de meus amigos, nunca vi ele com mulher alguma. Ouvi dizer que ele ficou assim depois de tomar um pé da ex-mulher dele, depois disso nunca mais quis saber de mulher alguma e só pensava em encher a cara. Não sou de me importar muito com o que os outros dizem, mas confesso que faz sentido para um cara como ele. Nem mesmo era um cara com quem se pode passar algumas horas conversando de forma produtiva, ficava o tempo inteiro dizendo como as mulheres não prestam e relatando seus porres homéricos. Mas tinha uma qualidade indiscutível, nunca lhe faltava bebida de qualidade.
A casa dele mais parecia um barraco, feita de madeira(podre), com a janela caindo e a porta em péssimas condições. Isso sem falar no cheiro terrível de vômito que aquele barraco tinha. De qualquer forma bati na porta. Uma guria de uns 16 anos me atendeu.
- Oi.
- Oi, o Michel está? - Perguntei.
- Só um minuto.
Ela entrou na casa e chamou ele, que veio cambaleante com uma garrafa de conhaque pela metade na mão.
- Sep! - Me cumprimentou com um abraço, e um hálito que poderia ser usado como arma em alguma guerra.
- Como vai Michel? Eu vim aqui para ver se você queria ir até o Sol de Verão comigo, mas pelo jeito você não precisa de cerveja? - Perguntei enquanto olhava pra guria, era realmente difícil de acreditar que o bêbado do Michel estivesse comendo uma guria como aquela.
- Pra que ir naquela bodega se nós podemos beber aqui em casa? Entra, entra.
- Aline, pega um copo pro Sep. - Ele disse com voz autoritária.
Nós três bebemos aquela meia garrafa e mais uma cheia, estávamos realmente bêbados quando Michel foi ao banheiro e eu e Aline conseguimos ouvir da sala o barulho que ele fazia para vomitar.
Estávamos a sós na sala e não se ouvia mais som algum do banheiro, provavelmente o Michel dormiu depois de vomitar tudo o que tinha no corpo. A chance perfeita.
Ela estava realmente linda naquela noite, cabelos castanhos e soltos, belos olhos de um verde vivo, ela tinha um ar de menina romântica que mexeu comigo. Diabo, eu e minha queda por meninas com cara de inocente, já me fodi bonito por ter tanta vocação pra trouxa, e mesmo assim persisto no erro.
Mas o que realmente importa é que ela mexeu comigo, o suficiente pra me encorajar a tomar uma atitude arriscada. Afinal, ela tinha bebido muito, deveria estar mais solta... Além do que, não vi ela e o Michel se beijando nem nada, apenas estavam abraçados. Isso tudo me fez pensar que talvez ela fosse apenas sobrinha dele ou algo parecido, idade para isso ele tinha, aliás, ele tinha idade para ser o pai dela.
- Aline, você parece triste, aconteceu alguma coisa? - Arrisquei a pergunta, mesmo por que ela realmente parecia triste.
- Problemas com minha mãe, ela não me entende... - Respondeu com ar preocupado.
- Se você precisar de um ombro amigo, eu estou aqui pra isso - Me ofereci.
Prefiro não entrar em detalhes sobre tudo o que descobri sendo o "ombro" dela, mas dentre as informações que eu obtive, várias delas foram interessantes. Como o fato de ela ser filha do Michel, fruto do tal casamento que acabou. Isso foi algo que realmente me interessou, e muito.
Fui me aproximando dela pouco a pouco, disse coisas doces e elogiei o jeito meigo dela. O bom foi que dessa vez não era mentira, ela realmente tinha um jeito meigo. No fim das contas acabei por conseguir um beijo na boca, ela beijava muito bem, de um jeito diferente das outras. Depois disso fui tentando esquentar as coisas um pouco mais, ela foi deixando... Até certo ponto, depois disso começou a censurar minhas mãos e língua, infelizmente eu estava excitado demais para usar a cabeça de cima e não percebi quando o Michel se aproximou de mim por trás do sofá...